sexta-feira, 11 de maio de 2012

As Raízes da Maçonaria


por Ven. Irmão Trevor Jenkins, 
PM  Nautilus Lodge No. 4259
Grande Loja Unida da Inglaterra
Durante séculos, historiadores maçônicos têm estado intrigados pelos motivos e os fins da formação da Maçonaria, tanto em sua forma operativa quando especulativa, e enquanto se esforçam para investigar os mistérios que cercam a formação da nossa ordem, parece que o enigma, na verdade se compõe de três questões distintas. Quem eram os maçons originais, de onde veio a Ordem e quando? Estas, por si mesmas são questões bastante difíceis de responder, e embora seja certo que as verdadeiras origens da Maçonaria estejam envoltas em mistério e isoladas em séculos passados, há evidências para provar que a fraternidade é a mais antiga e venerável sociedade de homens no mundo. Antiga, de fato, e honrada deve-se reconhecer que seja, conforme ilustrado por esta citação da obrigação após a iniciação… “nenhuma instituição pode se orgulhar de uma fundação mais sólida do que aquelo sobre a qual repousa a Maçonaria, a prática de todas as virtudes morais e sociais e de tão alta eminência tem seu crédito avançado, que em todos os tempos, mesmo os próprios monarcas têm sido promotores da Arte…”  Em nossa iniciação, somos ensinados que os primeiros membros da ordem foram empregados na construção do Templo do Rei Salomão, embora muitos acreditem que a ordem realmente deva sua origem às mesmas causas que as antigas guildas e associações mercantis da Idade Média, exceto que uma ampla variedade de circunstâncias combinaram-se para lhe dar uma influência e importância acima e além de qualquer outra fraternidade ou irmandade de homens.
Seja qual for a sua origem, pode-se confiantemente afirmr que nenhuma outra sociedade, momento algum, alcançou o caráter, a dignidade e a integridade que distingue a Maçonaria de todas as outras.
Como a Maçonaria moderna é espalhada em todo o mundo, seria de fato surpreendente se não houvessem muitos pontos de contato com uma variedade de religiões e culturas, além dos misteres clássicos, e até mesmo possivelmente a filosofia chinesa antiga, em que, por exemplo, se acredita que o esquadro e compasso eram empregados como ilustração ou emblema de moralidade. Por exemplo, alega-se que no Livro de História, que se considera o mais antigo dos clássicos chineses, e que remonta a séculos antes do nascimento de Cristo, estava escrito “Um Mestre Maçom, ao ensinar Aprendizes, utiliza o compasso e o esquadro. Vós que estais engajados na busca da sabedoria, deveis também fazer uso do compasso e do esquadro”, mas apesar de muitas das doutrinas e crenças inculcadas na maçonaria terem sido encontradas em diversas partes do mundo, e em civilizações muito diferentes, nunca houve qualquer evidência convincente apresentada para provar realmente a descendência linear de nossa Arte.
No entanto, a partir do pouco que sabemos sobre a Maçonaria nos séculos anteriores à formação da primeira Grande Loja de Inglaterra em 1717, parece altamente improvável que houvesse absolutamente qualquer parentesco com qualquer civilização antiga; na verdade, pode ser muito plausivelmente argumentado que uma grande quantidade do simbolismo que encontramos hoje é, realmente, uma característica relativamente moderna, e que alguns, senão a maioria, só foram introduzidos depois do século XVIII.
Na tentativa de rastrear as origens da Maçonaria, devemos, pelo menos, retroceder até a Idade Média, onde havia, sem dúvida, uma associação de pedreiros operativos neste país (Inglaterra). Estes excelentes artesãos construíram as maravilhosas catedrais e abadias da Inglaterra, realizando um trabalho qualificado e delicado, esculpindo os soberbos pilares, arcos, volutas e frisos que são as glórias das Catedrais Góticas Inglesas.
Voltando ainda mais no tempo, até o que é chamado de Idade das Trevas, os pedreiros empregados na construção das primeiras igrejas e mosteiros da nossa terra não eram menos qualificados, e possivelmente tinham até mesmo alguma instrução, uma vez que eles, sem dúvida, tinham que ler algum tipo de planta ou desenho, e esta educação, não importa quão insignificante, os teria elevado acima da condição de servo comum ou vilão.
Estes mesmos pedreiros estava freqüentemente dispensados p​​or Mandados Pontificiais chamados Bulas das leis que afetavam os trabalhadores comuns, que normalmente estava vinculados à terra e eram propriedade do senhor feudal. O pedreiro, portanto, podia, e provavelmente estaria orgulhoso de chamar a si mesmo um homem livre, porque a verdadeira essência do seu trabalho deve tê-lo mantido em movimento, pois o trabalho de construção em qualquer lugar, devia, eventualmente chegar ao fim e o pedreiro “livre”, então, se mudaria para outro local de trabalho, para auxiliar na construção de outra catedral, mosteiro, ou fortificação defensiva.
O pedreiro, provavelmente, teria que viajar para longe em busca do seu próximo emprego, e assim provavelmente teria se encontrado na companhia de estranhos e, assim, para capacitá-lo a exigir trabalho sem ter de passar por outro teste de habilidade ou qualificação, um sistema de sinais e símbolos poderia ter sido concebido, em que cada pedreiro era iniciado, e pelo qual ele seria facilmente testado para satisfazer os seus pares de que ele estava familiarizado com o uso estabelecido e costumes do ofício, e ao qual ele era obrigado por juramento solene, a manter em segredo. Este argumento em particular oferecido por alguns historiadores maçônicos sobre a origem da palavra franco-maçom poderia muito plausível, mas há outra explicação possível, que examinarei rapidamente.
Uma questão importante para o pedreiro itinerante seria a de alojamento e local de encontro da comunidade, e o que seria mais natural que os pedreiros erguessem, próximo ao edifício a ser construído, uma edificação menor ou “loja” onde eles pudessem viver e trabalhar como comunidade, enquanto durasse seu emprego?  A palavra loja acredita-se ser derivada de uma palavra Normanda que significa um galpão ou pequena edificação, e em algumas partes da Inglaterra, uma oficina, galpão, ou uma cabana ainda é chamado de loja. A das primeira referências da ocorrência da palavra foi em 1277 nas contas da construção da Abadia Vale Real. Ela também foi encontrado nos “Rolos da Fábrica” de York Minster datados de 1355. Nestes, as seguintes ordens aos pedreiros. …”Então, café da manhã na fábrica da loja, e, imediatamente, todos devem retornar ao trabalho até o meio dia. Entre abril e agosto devem dormir na loja, em seguida, trabalhar até o primeiro sino de Vésperas “.
Durante os muitos anos que seriam necessários para completar os vastos edifícios da época, eles, sem dúvida, teriam estado em contacto diário com o Abade e os monges da Abadia, ou Cânones das Catedrais que tinham preparado as plantas, e que estariam constantemente supervisionando o trabalho, e aceitando ou rejeitando o material ou mão de obra durante a construção do edifício. Com tal contato diário com o clero, o pedreiro, obviamente, adquiriria um toque eclesiástico, e procurria no clero a orientação espiritual, assim como o clérigo, por sua vez, procurari o pedreiro para orientação em questões de técnica de construção, e cada um teria um interesse nos assuntos e no bem-estar do outro.
Um corpo de monges que se interessavam pelas obras da pedreiros foram os Culdees. Antes do século IX, a Culdees eram originalmente da Doutrina Celta, mas depois foram obrigados a se conformar aos usos da Igreja Romana e, conseqüentemente, a ordem morreu na Inglaterra por volta do século XIV. Em seu auge, o Culdees eram mais proeminentes na Escócia, onde tinham mosteiros em St. Andrews, Dunkeld e Lochleven. Eles também tinham membros na Irlanda, mas é o corpo que se estabeleceu em York, que mais nos interessa.
Esses membros particulares da ordem certamente se interessavam muito pelos pedreiros que estavam envolvidos na construção da primeira Minster em York, da qual eles se encarregaram na época do rei Athelstan.
Athelstan, filho de Edward, o Velho, e neto de Alfredo, o Grande, foi rei entre 925 e 941 dC. Ele mesmo frequentava a igreja em York por volta dos anos 936, e deu aos Culdees certas concessões de terra como um agradecimento por seus sucessos no campo de batalha, nomeadamente ao subjugar as regiões da Cornualha e do País de Gales, e em 937, derrotando as forças combinadas dos galeses, escoceses e dinamarqueses em Bruananburg. Conta-se também nas Antigas Obrigações Maçônicas que ele concedeu uma carta constitutiva aos pedreiros para realizar uma assembléia a cada ano. Infelizmente, não há provas conclusivas de qualquer organização oficial da Ordem nesta época, e essa lenda pode ser puro mito.
Os Culdees estiveram em York por centenas de anos, certamente até o ano de 1200, e parece provável que a partir de estreito contato com os monges, os pedreiros teriam sido ensinados encarar suas habilidades como um dom de Deus e, portanto, suas ferramentas e utensílios cotidianos podem ter sido até mesmo considerados como guias para a fé.
Ao considerar os antecedentes do pedreiro medieval não se pode desprezar o sistema de Guildas ou corporações. Muitos ofícios tiveram seus segredos comerciais e a maioria, desde o século décimo em diante, tendeu a formar associações chamadas Guildas para o melhor governo de seus membros, e para a obtenção de um elevado nível de habilidade técnica. Os pedreiros também tinham os seus segredos de natureza técnica, mas eles estavam em uma posição bem diferente de outros ofícios, onde os membros geralmente desempenhavam seu ofício ao longo de toda a vida na mesma localidade e, portanto, as corporações eram essencialmente produtos de comunidades onde os membros eram conhecidos entre si. O pedreiro, por outro lado, ia onde o trabalho estava disponível, afinal não devia haver muito trabalho para pedreiros dentro das cidades, uma vez que os edifícios ali eram feitos principalmente de madeira e gesso. Eles também eram obrigados a se mudar, quando Castelos Reais estavam em construção, nos pântanos de Gales ou nas fronteiras escocesas, por exemplo.
O mais antigo mandado conhecido do Rei para o recrutamento de pedreiros é datado de 1333 e durante aproximadamente os próximos 300 anos, pedreiros poderiam ser recrutados a serviço pelo monarca. Em 1370, Mestre Henry de Yevele of Yeovil e William de Wynford foram, cada um deles, ordenados pela coroa a levar 50 cortadores de pedra, de Londres, Somerset e Dorset a Orwell. Eles tinham que estar prontas até 01 de maio e, citando o estatuto “todos em contrário devem ser presos e enviados à prisão”.
Principalmente, mas nem sempre, pedreiros contratados pela Igreja estavam isentos do Mandado do Rei, e leis especiais de proteção podiam ser concedidas pelo clero. Uma delas nomeadamente, foi concedida pelo Arcebispo de Cantuária a pedreiros trabalhando nos muros da cidade, concedendo-lhes proteção por um ano a partir de Maio de 1381.
Também foram as hipóteses de alguns estudiosos, que a origem da nossa Arte pode muito bem ter vindo dos Steinmetzen, ou pedreiros da Alemanha. Isso se tornou uma teoria popular há pouco mais de um século após a publicação dos escritos de Frederick Fallou em 1848, Joseph Findel em 1865 e Albert Mackey em 1874.
Havia, de fato, uma organização de lojas operativas nas regiões germânicas da Europa, que estavam subordinadas à Grande Loja em Estrasburgo, mas, embora os regulamentos que regiam os Steinmetsen estejam bem documentados a partir de 1457, e seus membros também fossem divididos em três classes, Aprendizes, Companheiros e Mestres, não há evidências diretas ligando esta ordem operativa àquela especulativa encontrada na Grã-Bretanha. Na verdade, é quase certo que a cantaria na Alemanha nunca tenha atingido qualquer nível de ciência especulativa, até depois que ele foi desenvolvido no país (Inglaterra). Por conseguinte, é bastante provável que o sistema de maçonaria simbólica continental realmente deva sua origem àquele desenvolvido aqui na Grã-Bretanha, e este tenha sido transplantado para o continente alguns anos depois.
As mudanças econômicas dos séculos XV e XVI e, especialmente, durante o reinado de Henrique VIII culminando na dissolução dos mosteiros em 1536 e novamente em 1539 tiveram efeitos de longo alcance o ofício de pedreiros.
Nesta época, a construção de grandes mosteiros tinham cessado, e edifício de igrejas também haviam diminuído devido ao tipo clássico menos ornamentado de arquitetura ter sido introduzido.
Foi assim que a participação nas lojas operativas declinou, o que, por sua vez, deu motivo e incentivou a adesão de não-pedreiros, e o início da transição de lojas operativas para lojas especulativas. Esse momento de transição é o elo que une o presente ao passado. Podemos imaginar os pedreiros originais, que vinham para o Lodge em seus aventais de couro, e trazima consigo seus instrumentos de trabalho, que colocavam diante deles. O Mestre da Loja pode ter sido capaz de ler e, nesse caso, ele sem dúvida teria lido as Antigas Obrigações, que eram guardadas na loja, ou, se ele não sabia ler, então ele as recitava, de memória tanto como pudesse, tendo sido transmitido de boca em boca por gerações.
Depois de algum tempo, quando a educação tornou-se mais geral, uma classe superior de homens era encontrada em tais lojas, e um breve ritual pode ter sido aprendido, que de fato seria o antepassado do nosso próprio ritual que usamos hoje.
Mais tarde, na época Tudor e Stuart, encontramos pedreiros formados em verdadeiras guildas ou companhias de Pedreiros, muitas vezes na companhia de outros setores de construção. Os livros da companhia dos Pedreiros de Londres de 1619 ainda existem, e aproximadamente a partir desta época encontramos vestígios de Lojas e de outros corpos, bem como indivíduos, que não estavam ligados à arte operativa da construção. Esses, mais tarde, seriam chamado maçons especulativos, mas, embora a palavra tenha sido usada pela primeira vez em torno de 1425, não era de uso geral antes de meados do século XVIII. Assim, temos um quadro de uma maçonaria totalmente operativa até meados do século XVI, que gradualmente, e, eventualmente, deu lugar a uma forma predominantemente especulativa de maçonaria em meados do século XVIII.
Durante a Idade Média, o sistema de aprendizagem era, naturalmente, bem conhecido e usado em muitas atividades e ofícios, mas ele, na verdade, parece datar do início do século XIII, o primeiro regulamento conhecido sendo datado de cerca de 1230, embora quase um século tenha se passado até que ele começasse a ser utilizado e entrasse em uso geral.
A plena liberdade do aprendiz veio alguns anos após a entrada, quando ele se tornava Companheiro (do) Ofício; ele então era considerada totalmente qualificado no que diz respeito à participação na atividade. Em documentos ingleses, o termo Companheiro foi usado pela primeira vez, no sentido de, membro de um corpo ou membro de uma fraternidade, e não tinha qualquer significado de um grau ou status, mas, mais tarde foi utilizado nos regulamentos do ofício operativo com a implicação de que o Companheiro tinha um status superior ao de um simples pedreiro. Embora o Aprendiz iniciado fosse na verdade uma característica da Maçonaria operativa escocesa, pelo menos, já em 1598, o termo não foi ouvido namaçonaria especulativa inglesa antes do primeiro Livro das Constituições, que foi escrito em 1723, um dos autores sendo um clérigo escocês, o reverendo James Anderson. Também notável foi a introdução de diversos outros termos da maçonaria operativa escocesa, tais como Companheirismo, em vez de Companheiro do Ofício, e a palavra Cowan (Profano).
Cowan (Profano) foi ouvido pela primeira vez no Estatuto Escocês Schaw de 1598. Estes estatutos eram códigos de conduta e regras para maçons operativos elaborado por William Schaw, Mestre de Obra e Vigilante Geral de Pedreiros nomeado em 1584 por James VI da Escócia. A palavra Profano é descrita no Novo Dicionário Inglês como “aquele que constrói paredes de pedra seca”, e foi aplicado como um insulto, a quem fazia o trabalho de um pedreiro, mas não tinha sido um aprendis regular do ofício. Daí ele era um pedreiro trabalhador que não tinha entrado corretamente para a fraternidade, não tendo sido devidamente admitido em uma loja, por não conseguido cumprir seu período de treinamento, por uma razão ou outra.
Sem dúvida, não teria havido muitos desses homens capazes de fazer um belo trabalho, mas a atitude oficial em relação a eles está claramente indicada pelo seguinte regulamento do Estatuto Schaw, “que nenhum Mestre Maçom ou Companheiro receba um Profano para trabalhar em sua sociedade ou companhia, nem enviar qualquer um dos seus empregados para trabalhar com Profanos sob pena de punição de 20 libras.”
O termo Mestre ou Mestre Maçom aplicou-se quase até o século XVIII ao pedreiro responsável pelas operações de construção, na verdade, ele seria o único responsável, na verdade, projetando a construção, adquirindo o material, e dirigindo pessoalmente todo o trabalho, fazendo o papel de topógrafo, arquiteto e construtor. Ele era o homem mais importante no ofício da construção por muitos séculos, estando responsável por todos os pedreiros empregados na construção do edifício e tratado com respeito. Por conseguinte, ele tinha o estatuto aplicável a um profissional de boa reputação nos dias de hoje. Em Bury St. Edmunds, por exemplo, o Mestre dos Maçons recebia alimentação e alojamento no Convent Hall, para si próprio como um cavalheiro, e para seu empregado como Assistente.
Os maçons também serviram aos reis medievais na capacidade e com o título de Mestre dos Maçons do Rei. O exemplo mais antigo neste país foi Henry of Reynes que foi o Mestre Maçom do Rei de 1243 até 1253 e serviu a Henry III na construção da Abadia de Westminster, da qual ele é considerado o arquiteto. Ele foi seguido por John de Gloucester, que foi o Mestre Maçom do Rei durante a construção de Westminster Hall, entre os anos de 1254 e 1262.
Se olharmos novamente para a origem sugerida anteriormente de Franco-Maçom, eu pessoalmente acho muito improvável que fosse possível para um pedreiro ser completamente livre. Durante a era do sistema feudal, uma vez que os únicos homens livres seriam os nobres ou aristocratas ou, eventualmente, ricos mercadores, mas não carpinteiros, telhadistas, pedreiros ou qualquer outro tipo de comerciante. Na verdade, não encontramos a palavra Franco-maçom utilizada até o final do século XIV. É mais provável que ela se originou do fato de que o pedreiro trabalhava principalmente em pedra franca (freestone), mesmo arenito, macio, muito apropriado para esculpir detalhes intrincados, e o termo pedreiro de pedra franca (freestone-mason), que é registrado em 1375, inevitavelmente, seria com o tempo reduzido para franco-maçom (freemason), para uso comum.
Há muitas cantarias inglesas, como aquelas extraídas em Portland. Em 1542, os habitantes da cidade de Coventry contrataram um Franco-maçom para reconstruir sua cruz de “boa, certa, adequada pedra-franca, das pedreiras de Attilborough ou Rounton em Warwickshire.
Ouvimos falar de pedra-franca pela primeira vez em 1212, mas o primeiro uso conhecido do termo “franco-maçom” ocorre em 1376, quando fica implícita que um pedreiro operativo de classe superior ao de um pedreiro “rude”. O franco-maçom fazia a escultura, a quadratura e a fixação de janelas e arcos, enquanto o pedreiro rude fazia trabalhos menos complicados, tais como corte da pedra e levantamento de paredes.  Até 1507 o termo franco-maçom foi se tornando mais comum. Está registrado que John Hylmer e William Vertue, franco-maçons, foram contratados para executar a abóbada nervurada para o coro da Capela de St. George, Windsor, por 70 libras.
Mais tarde, durante a construção do Christ Church College entre 1512 e 1517, John Adams era maçom, e por volta de 1513 durante a construção da abóbada na capela do Kings College, em Cambridge, uma portaria estipulava que John Wastell, o Mestre Maçom, devia “manter 60 franco-maçons trabalhando continuamente”, mas durante o século XVII, uma série de exemplos do uso da palavra sugere que ela estava começando a ser aplicada aos maçons não operativos.
Em 1641 temos a primeira iniciação registrada de um maçom não operativo em solo inglês. Durante a primeira Guerra dos Barões entre a Escócia e a Inglaterra durante o reinado de Carlos I, alguns membros da Loja St. Mary’s Chapel No.1 de Edimburgo, que haviam cruzado a fronteira em Coldstream no início daquele ano e entrado na Inglaterra com o Exército de Ocupação Escocês do Geral Hamilton, iniciaram em suas fileiras, em 20 de maio de 1641, o Honorável Sr.
Robert Moray, Chefe do Quartel General do Exército da Escócia. Isso foi em Newcastle upon Tyne, que foi evacuada pelos escoceses dois meses mais tarde, após o que os responsáveis ​​relataram os fatos à Loja e o assunto foi ratificado e registrado em ata.
Assim foi que mais e mais estranhos foram levados para a Maçonaria, dos quais o mais notável foi o Honorável Elias Ashmole, que era um membro notável e companheiro da Royal Society. Seu principal interesse para nós é o fato de que a sua foi a primeira iniciação registrada de um maçom não operativeo em uma Loja inglesa, e está inscrita no seu diário como segue: “1646, 16 de outubro às 4:30 da tarde, fui inicado maçom em Warrington, Lancashire, com o Coronel Henry Mainwaring de Katchingham, em Cheshire “(sogro de Ashmole). Em seguida, vêm os nomes dos Vigilantes e outros que eram membros ou oficiais da Loja. É interessante notar que esses homens foram identificados como sendo os homens de boa posição social, mas nenhum deles era maçom operativo, fornecendo-nos primeira evidência definitiva de uma loja especulativa inglesa. Mas, deve ser salientado que, aparentemente, as lojas naqueles dias não funcionavam como hoje, com reuniões regulares.
Parece que muitas lojas eram o que hoje é denominado hoje como “lojas ocasionais” ou seja, quando um número suficiente de maçons é convocado para se reunir em loja para a finalidade específica de iniciar novos maçons, e a loja existe somente para aquela ocasião para a qual foi convocada.
Uma entrada ainda mais interessante no diário de Ashmole, desta vez para 10 de marco de 1682, afirma que após a assembléia no Masons Hall, a companhia jantou no Half Moon Tavern em Cheapside, e o jantar foi pago pelo candidato, aparentemente uma prática normal naqueles tempos.
Após sua morte em 1692, Ashmole deixou uma histórica mina de ouro em forma de 1.800 manuscritos encontrados, e seu nome vive no Museu Ashmolian, em Oxford, construído para abrigar este presente precioso da primeira coleção pública de antiguidades na Inglaterra.
Ashmole observou ainda que, em 11 de março 1680 ele foi ao Masons Hall, em Londres, quando quatro outros cavalheiros foram admitidos na Irmandade dos Maçons. O anfitrião de Ashmole nesta reunião foi o Mestre da Companhia de Maçons da Cidade, cuja fundação pode ser colocada já em 1220 durante o reinado de Henry III, embora uma data firme tenha sido estabelecida em 1376, durante o reinado de Edward III , quando a Companhia dos Maçons foi declarada oficialmente criada pela Corporação de Londres, para ter o direito de devolver 4 membros ao Tribunal de Conselho Comum.
Em 1472, esta mesma companhia recebeu sua Concessão de Armas do Herald’s College, e no mandado é descrito como “The Hole Craft and Fellowship of Masons”, embora, no reinado de Henry I seu título tenha se tornado mais simples “A Companhia de Maçons”. Finalmente, em 1656, cerca de 7 anos após a execução de Charles I, esta mesma companhia assumiu o nome de “Venerável Companhia de Maçons”.
Algumas reuniões desta empresa eram chamadas de “aceitações” a partir do que, obviamente, vem o termo “Maçom Aceito”, e os membros eram possivelmente divididos em maçons que estavam “livres” ou “francos” ou maçons operativos e aqueles que eram simbólicos e eram “aceitos” na Companhia. Seriam estas lojas especulativas nasentes vistas na época como como sendo o primeiro dos clubes de cavalheiros, e a associação a eles indicaria uma personagem de alguma posição social considerável, por isso sendo “aceito” na companhia, isso certificaria uma posição de estima e de influência dentro da comunidade?  Passando agora ao ano de 1717, terceiro ano do reinado de George I, o primeiro dos Reis alemães da Grã-Bretanha, e o início da Casa de Hanover. Os Hanoverianos eram firmemente protestantes, e governaram a Grã-Bretanha por 123 anos até a morte de William IV. A casa acabou com a sucessão ao trono da sobrinha de Williams, Victoria.
Este ano de 1717 é a data mais importante em toda a história da Maçonaria. Foi quando o primeiro corpo central dirigente dos maçons ingleses nasceu, a Grande Loja de Inglaterra. Neste momento porém, parece que a sorte da maçonaria estava em maré baixa; somente quatro lojas podiam ser encontradas trabalhando em Londres, aquelas que se reuniam na Cervejaria Goose and Gridiron em St. Paul’s Churchyard, na Cervejaria Crown perto de Drury Lane, na Taverna Apple Tree em Covent Garden, e na Taverna Rummer & Grapes em Westminster. Estas quatro lojas formaram para si uma Grande Loja, e no dia de São João Batista de 1717, na taverna Goose & Gridiron, os irmãos reunidos, por maioria de mãos levantadas, elegeu o Sr. Anthony Sayer, Cavalheiro, o primeiro Grão-Mestre dos Maçons. Ele foi devidamente instalado pelo mais antigo Mestre presente.
O primeiro livro da Constituição foi escrito em 1723, e uma segunda versão ampliada apareceu em 1738. Foi a partir dessas origens humildes que a moderna constituição que conhecemos hoje evoluiu, com a última revisão completa iniciada em 1940, e a atual edição publicada em 1965.
Depois de um tempo, a Maçonaria começou a se espalhar pelo mundo, sem dúvida, devido à expansão do Império Britânico e muitas pessoas do mais alto nível ingressou entre os seus membros. Um dos mais notáveis ​​sendo o primeiro inglês maçom da linhagem Real, HRH Frederick Lewis, Príncipe de Gales. Em março de 1737 uma loja ocasional foi realizada no Palácio em Kew, e o Príncipe foi iniciado como Aprendiz e Companheiro, no mesmo dia. Ele era o filho mais velho e herdeiro de George II, mas infelizmente ele faleceu antes do seu pai e nunca o sucedeu no trono. Embora Frederick Lewis não pareça ter sido muito ativo dentro da Ordem, sua influência parece ter criado a associação entre os membros da Casa Real, que continua até hoje.
Depois do Príncipe, houve muitos irmãos de linha de sangue nobre, como os Duques de Montague, Kent e Sussex, e durante o reinado de George III, todos os seis de seus filhos eram membros. Havia também muitas personagens estrangeiras famosas e ilustres, tais como na Alemanha, Frederico, o Grande; nos Estados Unidos, George Washington, que assumiram as obrigações.
Em 1751, uma Grande Loja rival que se autodenominava “A Mais Antiga e Honorável Sociedade dos Maçons Livres e Aceites” foi formada em Londres. Tornou-se conhecida como Os “Antigos” por sua alegação de que a Grande Loja de 1717, mais tarde apelidada dos Modernos, tinha se afastado dos landmarks originais da ordem, enquanto eles praticavam a maçonaria de acordo com as antigas constituições.
Criando lojas itinerantes, especialmente nos regimentos do Exército Britânico, e Grandes Lojas Provinciais nas colônias, os Antigos fizeram muito para espalhar a palavra da maçonaria inglesa no exterior. Eles também reforçaram o Arco Real e várias outras Ordens Maçônicas.
Para tornar as coisas mais complicadas ainda, logo apareceram mais duas Grandes Lojas. Em 1725, a Velha Loja em York foi reativada como “A Grande Loja de Toda a Inglaterra”, mas sua influência ficou confinada aos condados de York, Cheshire e Lancashire. Ela existiu por cerca de 30 anos durante os quais também autorizou a formação de uma quarta Grande Loja em 1778, com o improvável nome de “A Grande Loja ao Sul do Rio Trent”. Esta loja fundiu-se à primeira Grande Loja dez anos mais tarde.
Ao todo, a existência de mais seis Grandes Lojas pode ser encontrada, em um total de nove, e estas são expostas em uma palestra de pesquisa minha chamada As Grandes Lojas da Inglaterra.
Assim foi que as Grandes Lojas rivais, Antigos e Modernos, existiram em oposição discordante até 1813, quando o Grão-Mestre dos Modernos, Sua Alteza Real o Príncipe de Gales, mais tarde George IV, foi sucedido por seu irmão Augustus Frederick, duque de Sussex. … Nessa altura, o Grão-Mestre dos Antigos era o quarto Duque de Atholl, e ele renunciou, naquele mesmo ano, em favor de Sua Alteza Real, o príncipe Edward, duque de Kent. O resultado direto dessas ações foi que dois irmãos da linha de sangue real, eram cada um deles Grãos Mestres de suas respectivas Grandes Lojas.
Em poucas semanas eles terminaram 63 anos de rivalidades, assinando os Artigos da União no palácio de Kensington em 25 de novembro de 1813, para formar a Grande Loja Unida dos Maçons Antigos da Inglaterra. O primeiro Grão-Mestre foi Sua Alteza Real Edward Duque de Sussex, com o duque de Kent como o seu adjunto, estando neste momento 647 lojas ativas na Inglaterra.
A Revolução Francesa de 1789 espalhou pânico em todos os governos da Europa. Na Inglaterra em particular, suspeita foi lançada sobre a Maçonaria, com a publicação de dois livros franceses, alegando que os jacobinos, liderados por Robespierre, e a Revolução Francesa, em geral, tinham sido orientado pelas lojas maçônicas francesas.
Isso estimulou o governo da Grã-Bretanha na década de 1790, a passar uma série de atos parlamentares, que proibía sociedades secretas e juramentos. Em 1799, a Lei das Sociedades Ilegais foi aprovada, o que podia ter testemunhado o fechamento de todas as lojas maçônicas na Inglaterra, mas uma ação imediata de Francis Rawdon, o Grão-Mestre em exercício, e que mais tarde seria o 2º Conde de Moira salvou a situação.
Ele teve uma reunião com o então primeiro-ministro William Pitt, e deu uma explicação sobre toda a natureza da Maçonaria, incluindo o seu patrocínio pela realeza e nobreza, e seu apoio à ordem estabelecida. Sua explicação impressionou Pitt favoravelmente com o resultado que a Maçonaria foi especificamente isenta da Lei.
Em meados do século XVIII, a Grande Loja dos Modernos levantou fundos para um templo próprio, e em 1º de maio de 1775, foi lançada a pedra fundamental do novo Freemasons Hall, em Great Queen Street que foi colocada pelo Grão-Mestre Lord Petre, o Hall sendo solenemente consagrado em 23 de maio de 1776. A Ordem logo extrapolou seu edifício modesto e um novo edifício foi iniciado em 1864 e concluído em 1867.
Infelizmente, depois de apenas 16 anos um desastroso incêndio arruinou o Templo em 1883, mas foi reaberto dois anos depois e ampliado uma vez em 1898 e novamente em 1900. Uma vez mais, a Ordem ultrapassou a acomodação que ocupava e decidiu-se em 1919, logo após a Grande Guerra, erguer um novo Templo como um Memorial Maçônico da Paz.
A pedra fundamental foi lançada em 14 de julho de 1927 pelo então Grão-Mestre, o Duque de Connaught, na presença de quase 8.000 irmãos e, posteriormente, sagrado por ele em 19 de julho de 1933 após a sua conclusão. O prédio está localizado em mais de 2 acres de terreno com o Grande Templo tendo 120 pés de comprimento, 90 pés de largura e 62 pés de altura e há mais de 14 templos de lojas.
Há uma fase na história maçônica, que não deve ser ignorada, e que é a hostilidade de que tem sido objeto por organizações eclesiásticas. A Maçonaria, de fato, foi banida várias vezes pela Igreja Católica. Na maçonaria operativa inicial, as corporações estavam sob a influência direta da Igreja, e no primeiro livro das constituições maçônicas publicado em 1723, os maçons eram obrigados a ser da religião do país em que viviam.
O segundo livro, no entanto, publicado em 1738, alterou esta cláusula e aceitava todos os crentes em Deus, não importando de que religião, o que provocou o desagrado do Papa, e nesse mesmo ano o Papa Clemente XII emitiu a sua Bula contra a Maçonaria. Isto foi seguido em 1751 por outra, desta vez de Bento XIV, e em 1884 as denúncias da Igreja Romana contra a Maçonaria foram confirmadas pelo Papa. Finalmente, em 1974, estas Bulas foram anuladas. 
A Igreja Anglicana também, por ignorância dos nossos ideais, desaprovou nossa ordem, mas este descontentamento, é claro, não impediu muitos clérigos dignos, de qualquer denominação, de se tornarem membros louváveis de nossa Ordem.
Curiosamente, a Maçonaria tem efetivamente se auto-designado o título de “A Ordem (The Craft)”, onde ao mesmo tempo a palavra “craft” ou ofício dava a imagem de um ofício ou profissão, cujos membros tinham métodos e habilidades especiais para realizar o seu trabalho ou suas funções.
Os maçons agora olham para esta palavra como indicadora de um sistema de atitudes e crenças fundamentalmente éticas, peculiares de nossa ordem, que por sua vez, utiliza uma grande variedade de sinais, símbolos e palavras no ensino e no avanço dos irmãos.
Mas, em conclusão, que deve ficar claro que os verdadeiros anais da Maçonaria permanecem envoltos em mistério, e provavelmente nunca serão conhecidos, mas eu pessoalmente acho que os verdadeiros fundadores de nossa ordem foram os pedreiros operativos da Grã-Bretanha da Idade das Trevas, com as reuniões de Maçons especulativos, como nós mesmos, evoluindo ao longo de muitos séculos, e incluiu e incorporou lendas, leis folclóricas, e outros rituais de rara antiguidade. Eu estou, portanto, totalmente convencido de que a Maçonaria é um produto único britânico, verdadeiramente de origem britânica, e é algo que podemos justamente levantar a cabeça e ter orgulho de dizer “SOMOS MAÇONS”.
Texto original retirado:

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Abóboda Celeste


"No princípio, Deus criou o Céu e a Terra... Deus disse: Haja Luz! E houve Luz... Viu que a Luz era boa e separou a Luz das Trevas... Deus disse: Haja um firmamento... e chamou o firmamento de Céu. O Céu da Loja em Maçonaria, simbolicamente, representa o firmamento natural e se denomina de Abóbada Celeste. Platão já nos falava:
"Para crer em Deus basta erguer o olhar para cima". 

A Abóbada, de cor azulada, está decorada com astros, estrelas e nuvens. É a representação do firmamento celeste. Não apenas na Maçonaria, como também em várias religiões. O Templo significa o Cosmo, é o símbolo da universalidade. Está atribuída à construção da primeira abóbada aos romanos, que tiveram influência dos etruscos e gregos na arquitetura, construindo-a com tal habilidade e beleza que, naquela época, foi considerada como inspirada pelos deuses.

"No teto da Loja figuram: do lado do oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável, o Sol; por cima do Altar do Primeiro Vigilante, um estrela de cinco pontas; acima do Altar do Segundo Vigilante, a Lua; no centro do teto, três estrelas da constelação de órion; entre estas últimas e o nordeste, as estrelas da constelação de Plêiades, Híades e Aldebaran; a meio do caminho entre Órion e o nordeste, Réguluz; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste, em vermelho, Arcturos; a leste, a Spica da Virgem; a Oeste, Antares; ao Sul, Formalhaut. Júpiter no Oriente; Vênus no Ocidente; Mercúrio nas proximidades do Sol; Saturno e seus anéis, próximo a Órion.

A distribuição dos astros e estrelas no teto da Loja variam em alguns ritos. Cada astro e estrela têm sua importância simbólica e merece um estudo mais aprofundado. Mas para não deixar o trabalho muito longo, farei apenas alguns comentários a respeito dos astros e estrelas, começando pelas duas luminárias principais do nosso planeta:

O SOL é a estrela do centro do sistema solar (e pensar que Galileu Galilei quase morreu por defender o óbvio!!!), tem cerca de cinco bilhões de anos e continuará brilhando por mais cinco bilhões de anos. O Sol também é o símbolo do Deus Único, sustentado por Akenaton (faraó egípcio) no século XIV antes de Cristo, numa época em que o politeísmo (vários deuses) era a idéia predominante. No Egito Osíris era representado no Sol; na Síria Adônis era o Sol; na Grécia, o sumo sacerdote conhecido como Hierofante, simbolizava o Sol. No nosso caso não vamos adentrar na figura mitológica do Sol (ex. a lenda do Deus Rá, símbolo do Sol); tendo seu significado para cada povo da Antiguidade. Basta verificarmos o Panteão de deuses e deusas na mitologia grega.

O Sol na Maçonaria aparece no painel de Aprendiz; no avental do Mestre Instalado; na jóia do Orador; no oriente da Loja à frente do Trono e na denominação do 28º grau Adonhiramita, Cavaleiro do Sol. O mais importante para nós, neste grau, é o que está escrito no ritual de Aprendiz Adonhiramita, pg. 33: "Assim como o Sol aparece no Oriente para principiar sua carreia e romper o dia, assim o Venerável ali tem assento para abrir a Loja, ajudar os Obreiros com seus conselhos e iluminá-los com suas Luzes.

A LUA é o único satélite natural da Terra, tendo exatamente ¼ do tamanho da Terra. Nas antigas Escolas de Mistério, sempre esteve representada. No Egito era a deusa Ísis, patrona dos Mistérios Menores; na Síria, era a deusa Astaroth; na Grécia, Hecate. Na Loja a Lua aparece acima do Altar do Segundo Vigilante e no Painel de Aprendiz.

Os Planetas: Mercúrio é o menor dos planetas e o mais próximo do Sol; Vênus é o segundo mais próximo, quase do tamanho da Terra e de estrutura semelhante; Júpiter é o quinto planeta e o maior do Sistema Solar, existindo 16 luas jupterianas conhecidas; Saturno é o sexto planeta em distância do Sol, quase tão grande quanto Júpiter, possuindo 18 luas.Astros e estrelas estiveram representados em estátuas, quadros, arcos e pórticos de várias Igrejas do Velho Mundo. Para deixar mais claro, citamos um trecho do livro "Os Mistérios das Catedrais" de Fulcanelli, que faz comentários de uma gravura da Catedral de Notre Dame de Paris: "No centro do tímpano, na cornija média, olhai o sarcófago, assessório de um episódio da vida de Cristo; vereis aí sete círculos: são os símbolos dos sete metais planetários. O Sol indica o Ouro, o Azougue o mercúrio; o que Saturno é para o chumbo, é-o Vênus para o bronze; a Lua da prata, Júpiter do estanho; e Marte do ferro, são a imagem.

Sem dúvida, a configuração desses planetas, que são os mesmos do teto da Loja, juntamente com o Sol e a Lua, é de cunho alquímico, um paradoxo do pensamento alquímico/rosacruz da época, iluminando o Templo do pensamento cristão. As Nuvens representam a ascensão da consciência e a pureza de pensamento que se volatiliza em direção ao Cosmos. A Abóbada Celeste é um Caminho Simbólico para alcançarmos verticalmente o Conhecimento Espiritual, dentro do Universo Infinito. O salmo 18 diz: "Os céus contam a Glória de Deus e o Firmamento proclama Sua Obra.

Os Cargos Em Loja E Os Planetas
Os sete principais cargos estão diretamente relacionados com os sete planetas esotéricos. Alguns autores maçons dizem que estão grafadas na Abóbada Celeste as presenças destes planetas por sobre os cargos a eles relacionados. Abordaremos a questão da Abóbada Celeste no próximo tópico. Iniciando pelo Ven.'. M.'. Está relacionado ao planeta Júpiter, visto que representa a Sabedoria. Júpiter rege a visão, a prosperidade, a misericórdia, a liturgia, o sacerdócio, o mestre e a felicidade. 

O Orad.'. Está relacionado com Mercúrio o planeta que rege a expressão da Verdade, pois é o enviado de Deus . Mercúrio tem asas nos pés e é o porta-voz, aquele que dá as boas vindas e domina os escritos. O cargo de Secr.'. relaciona-se com o planeta Saturno . É ele o responsável de gravar para a eternidade os fatos de forma fria e exata. Ele é o controlador rígido da ordem dos processos e cioso pela documentação dentro das normas. O M. .de Ser. . por sua vez está relacionado ao planeta Sol. O Sol caminha diariamente pelo Céu, levando e trazendo a existência, a verdade e a justiça. É ele que anima a vida e que circula no oriente e no ocidente. O Tes.'. recebe a simbologia da Lua em sua atividade. A Lua dispõe sobre os assuntos mundanos e materiais. Ela é o principal elemento de ligação com o mundo concreto regendo toda geração de uma nova vida ou o desenvolvimento de um corpo já existente. A Lua rege a família, a cidade, o lar e o corpo; portanto rege o Templo.

De forma óbvia, o 1o Vig.'. e o 2o Vig.'. são regidos respectivamente por Marte e Vênus, planetas da força e da beleza, simbologia das CCol.'. onde têm seus tronos. Marte rege o início, a coragem, o pioneirismo e o impulso. Vênus rege a harmonia, o prazer, a alegria, e a beleza como reflexo da manifestação do G.'.A.'.D.'.U.'.

Como sempre nos é ensinado devemos associar as ferramentas de trabalho aos sentidos místicos e extrair delas o seu significado e a sua essência para que possamos transmutar este conhecimento e realizar a obra criadora da luz divina.

O Circulo
Símbolo da livre criação, do infinito e do universo, visto não ter começo nem fim e resultar apenas de um ponto central (o homem), que o traça utilizando um instrumento (o compasso) cujo raio é o limite dos seus conhecimentos, da sua iniciativa e da sua ousadia.

Compasso
Símbolo do espírito, do pensamento nas diversas formas de raciocínio, e também do relativo (círculo) dependente do ponto inicial (absoluto). Os círculos traçados com o compasso representam as lojas. Algumas ciências naturais e artes acabaram se perdendo através dos séculos e acabe a maçonaria reunir os seus ensinamentos e preservar a sua essência, dois exemplos bem claros destes são a Alquimia e a Cabala Judaica.

Contra o racionalismo do Século XVIII, sobreveio uma reação no Século XIX, com o crescimento de um misticismo novo que muito deve à Santa Cabala, tradição antiga do Judaísmo, que relaciona a cosmogonia de Deus e universo à moral e verdades ocultas, e sua relação com o homem. Não é tanto uma religião, mas, sim, um sistema filosófico de compreensão fundamentado num simbolismo numérico e alfabético, relacionando palavras e conceitos.

Alquimia - é a arte espagírica: aquela que separa e reúne. Isto é perfeitamente expresso na máxima alquímica "solve et coagula" (dissolve e coagula). A alquimia é a arte de entender o universo. Ao seu modo, os alquimistas foram os psicólogos, filósofos e médicos de sua época. Suas idéias em comum envolvem: Imortalidade - Longa Vida Androginia - Pedra Filosofal - Tornar-se um Deus - Panacéia.

Para Dante Alighieri o décimo céu é o empíreo, ou esfera do fogo, onde se encontra a Cidade Santa. Mas enquanto os nove céus inferiores são animados de moto rotatório que transmite ao cosmo a fluência do tempo, o décimo permanece imóvel, num eterno presente sem passado nem futuro. Para Pitágoras o cosmo era envolvido pela esfera do tempo, ou periekon, e Arquitas afirmava que além do periekon existia uma esfera caracterizada por um tipo diferente de tempo que ele chamava de tempo psíquico. Na Divina Comédia, Dante mostra como, passando da consciência humana à consciência divina (localizada no décimo céu) se torna possível a conexão entre o tempo físico e o tempo psíquico. Nesse tempo psíquico o princípio e o fim se reúnem garantindo assim a solução do problema da mortalidade física dos seres humanos.

Ninguém sabe exatamente o que existe além dos extremos limites do universo, mas a cosmologia moderna nos oferece uma visão extremamente sugestiva. Vários bilhões de anos atrás, uma explosão primordial (big bang) deu origem não apenas ao mundo material como também ao cenário onde o cosmo está mergulhado, os seja o espaço-tempo. Desde o instante inicial do big bang o espaço-tempo tem se propagado com a velocidade da luz uniformemente em todas as direções fazendo com que o universo ocupe agora um volume limitado, embora ainda em expansão. É claro, então, que além dos limites do universo sempre se encontrará algo de indefinível, mas que não é espaço vazio, pois o espaço-tempo ainda não chegou lá. Nessa região, que envolve totalmente o cosmo, o tempo não transcorre porque lá ele não existe. Assim, a visão cosmológica dos antigos pitagóricos apresenta, pelo menos na questão do tempo, uma considerável analogia com a estrutura do universo proposto pelos cientistas modernos.

Os efeitos dos corpos celestes sobre os assuntos terrestres tem sido observados e registrados por milhares de anos. Evidencia-se que nenhum sistema de conhecimento poderia ter sobrevivido às vicissitudes de centenas de eras se não estivesse fundamentado numa verdade demonstrável. Os antigos estavam convencidos por incontáveis observações que os corpos celestes não apenas influenciam os assuntos do mundo, mas também que tal influencia é periódica e consistente, e os elementos envolvidos podem ser representados numa Ciência Exata - a única Ciência Profética Exata que o Homem preservou.

"Assim como ao final do grande ciclo do ano sideral, medido pela precessão dos equinócios em torno do círculo do Zodíaco, os corpos celestes voltam a ocupar as mesmas posições relativas, assim também, no final do ciclo de Iniciação, a parte divina do homem recuperava seu prístino estado de divina pureza e conhecimento", do qual partiu para realizar sua peregrinação através da. Matéria, mas enriquecido pelas experiências então obtidas.

O mais antigo zodíaco circular conhecido se encontra em Dendera, no Egito.As constelações estão representadas no medalhão central, circundado por outro círculo que contem caracteres hieróglifos, contidos em um quadrado.As constelações zodiacais, misturadas a outras configuram uma espiral. Nas extremidades desta espiral após uma revolução estão Leão e Câncer.O Leão está sobre uma serpente e sua cauda é segurada por uma mulher.Após o Leão vemos uma Virgem segurando uma espiga de milho, e logo depois a balança (Libra), acima da qual num medalhão aparece a figura de Harpócrates. Em seguida vemos representados os signos deEscorpião e Sagitário, o qual foi representado como um Centauro alado com dupla face.Após Sagitário estão sucessivamente colocados Capricórnio (Cabra com rabo de peixe), Aquário (figura humana), Piscis (Peixe) , Áries (Carneiro), Taurus (Touro)e Geminis (Gêmeos) A precessão zodiacaltermina em Câncer (representado pelo escaravelho, o emblema da alma). Os planetas também são exibidos, com os signos nos quais estão exaltados (Vênus em Piscis; Marte em Capricórnio; Mercúrio em Virgo e Saturno em Libra). O círculo externo indica a precessão dos equinócios.

Esta era a forma de representar o universo no passado associando as constelações e conhecimentos existentes a sua relação esotérica, pois muito se não tudo que o homem tem e conhece ou foi ensinado pelas palavras do GADU ou transmutado das estrelas, ou seja, o conhecimento contido na estrutura do universo se deposita em forma de luz ao chegar a terra e este conhecimento depositado é transmutado e renasce como a fênix das cinzas em forma de ensinamento e de interpretações da lógica universal e das viagens físicas e mentais que a consciência percorre na sua busca através dos conhecimentos que uma vez assimilados são extraídos da forma mais pura de consciência e associados à essência do Universo e de sua infinita sabedoria.

BIBLIOGRAFIA:
    1. Símbolos Maçônicos e suas origens Assis Carvalho Ed. A Trolha;
    2. Comentários ao Ritual de Aprendiz, vol. 2 e 3, Nicola Aslan Ed. A Trolha;
    3. Grau do Aprendiz e Seus Mistérios Dr. Jorge Adoum Pensamento;
    4. Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom- Edit. A Gazeta Maçônica - 1a. ed. - 1985 - 2a. ed. 1992. 
    5. Maçonaria, um estudo completo Júlio Doin Vieira Ed. A Trolha;
    6. Maçonaria Simbólica Raul Silva Pensamento;
    7. Iniciação à Astronomia, Vol. 1 e 2 Euclides Bordignon Ordem Rosacruz;
    8. Instruções de Aprendiz Adonhiramita GOSC
    9. Ritual de Aprendiz Adonhiramita GOSC
    10. Bíblia de Jerusalém Ed. Paulinas.